ProfJam: 'qualquer hora pode ser a hora para criar algo'


É rapper português, mas também canta hip hop. Tem 27 anos, é conhecido por ProfJam, mas chama-se Mário Cotrim. O autor de temas como 'Viciada', 'Gwapo' e 'Água de Coco' esteve à conversa comigo depois de ter subido ao palco do Festival Académico de Lisboa no dia 28 de setembro.    


Oficialmente Mário Cotrim. Em cima do palco 'ProfJam'. Porquê?
Quando era mais pequeno via muitas coisas e peguei no nome do Jamanta, que era uma personagem de uma novela brasileira. Mas achava que precisava de um cognome, como existe 'Dr.' para Doutor, e pensei no de professor, 'Prof.'. 

A música surgiu na tua vida e tu percebeste logo que querias hip hop e rap ou tentaste experimentar outros estilos musicais?
Não, nunca tentei outros estilos. A nível de produção fiz uns beats eletrónicos, mas a nível vocal estive sempre ligado ao hip hop e ao rap.  

Há uns anos atrás o hip hop não era visto e apreciado como atualmente...
Mas os tempos passaram e as mentes evoluíram. As pessoas agora levam isto mais a sério, os artistas levam-se mais a sério. Mas isto é uma questão que parte de dentro, que depende de como as pessoas tratam a arte e se dedicam à sua cena. As coisas antes eram rudimentais, não digo que por culpa das pessoas, mas porque o acesso à tecnologia era limitado. Agora com as novas tecnologias é possível começar algo em casa e, a partir daí, expandi-la. O hip hop beneficiou com isto, porque é um estilo de música versátil com uma layer artística em que a identidade é passada. Isto faz com que as pessoas se conectem mais a este estilo musical. 

Ao longo da tua vida tiveste oportunidade de estudar em Londres. Esta passagem fez-te crescer enquanto artista?
Sem dúvida! Em Londres dá para respirar cultura. A toda hora existe gente acordada, a escrever, a desenhar ou cantar. Aquela cidade não dorme. Lembro-me de, uma vez, às quatro da manhã estar acordado a fazer algo e, tal como eu, estavam milhares de pessoas. Esta energia fez-me perceber que qualquer hora pode ser a hora para criar algo. Mas eu não cresci só a nível profissional. A experiência de estar fora do meu ninho e de Lisboa, dos meus amigos e família, fez-me crescer pessoalmente. Descobri uma outra camada minha. 

Participaste em batalhas de rap da 'Liga Knock Out'. Estas participações eram, para ti, batalhas de rap ou uma partilha de cultura musical?
Para mim foram sempre batalhas de visão. Eram batalhas de rap, em que ninguém tinha nada pessoal contra ninguém. 

Tens vários temas originais, mas também algumas parceiras. 'Imagina' ft. Valas é um exemplo. 
O Valas tem um produtor em comum comigo, o Lhast. Eu e o Valas já nos conhecíamos de vários sítios e situações. Um dia ele estava a fazer esse trabalho com o Valas e surgiu o convite. Ouvi o tema que era para o álbum, um marco importante na carreira de um artista, e quis ajudar, deixar a minha participação e a minha marca. 

Subiste ao palco do Festival Académico de Lisboa. Qual o feedback do concerto?
Em palco eu entro e saio sempre de rasgão. Quanto mais rápido passa um concerto, mais no flow e no momento estive. Eu gosto de transformar uma hora de concerto num segundo intenso. Deixo tudo em cima do palco e isso é sempre o meu feedback. Um gajo entra, destrói e vai-se embora sem perceber muito bem o que de tão bom acabou deu acontecer. 

Susana Pereira Oliveira 

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