Backbone Babes: 3 mulheres, 3 motos, uma paixão


Brum Brum Brum... Podem começar a imaginar sons de motos antes  de ler este artigo. Hoje falo-vos das BACKBONE BABES.


Patrícia, Ana e Marina. Créditos de Imagem: Ana Pina

As BACKBONE BABES são o elo de ligação mais recente de três mulheres "eriçadas, firmes e rijas" que se conheceram há pouco mais de dois anos por causa das motos: Ana Efe, Marina Oliveira e Patrícia Basílio. As três estiveram à conversa com o ESTA SOU EU e explicaram que este grupo "surge da camaradagem, da amizade, da verdade, do respeito e da firmeza de carácter de três mulheres que vivem e celebram juntas a paixão por trilhar a estrada de mota". A paixão das três pelas motos existe  "desde muito cedo", assim como a vontade de partilhar "experiências, aventuras e vontade de apoiar todas as mulheres motociclistas". 

Para as três mulheres representantes deste grupo, "conduzir, fazer passeios e viagens com amigos, não deve ter um preço! O valor está em nos podermos ligar com outras pessoas, pela sua diferença e força". 
Começando pelo início, o nome deste grupo "surge de uma palavra da gíria americana. Backbone no universo motociclista americano refere-se à parte de cima do quadro da mota, mais exatamente os frames dos tubos que suportam o depósito da gasolina". Esta parte das motos funciona como uma "espinha dorsal" e é uma peça fundamental que "suporta todo o peso, aquilo que faz a máquina ser capaz". 
Sobre as criadoras deste grupo também há algo a dizer. 

ANA EFE - 45 anos
"É do Porto. Doutoranda em Arte & Design na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Mestrada em Belas Artes pela Central Saint Martins College of Art & Design de Londres. Artista Plástica. Professora do Ensino Superior no Politécnico de Viseu (e sim, foi minha professora 😀). Co-fundadora da Galeria Sput&nik Thewindow no Porto". Além de viver no mundo da Arte Contemporânea e do ensino, esta professora é uma lutadora em representação de uma das suas paixões, os animais. É vegana e criou, há uns anos, a Porto Dog Walking, "um projeto ligado ao serviço de assistência ao domicílio a animais, sendo uma incansável ativista dos Direitos dos mesmos". A paixão por motos surgiu quando a Ana, aos três anos, começou a andar de moto com o pai. O seu primeiro amor "foi uma Vespa Pk50 XLS, preta com um carburador DELL'ORTO 19". Mais tarde aderiu a uma Yamaha XT 350 de Kickstarter. Para esta ativista, "andar de mota conserva uma incrível simplicidade e pureza num mudo tão denso e complicado".  

MARINA OLIVEIRA - 26 anos
"Modelo, formada em Contabilidade e Gestão". É de Arouca e tem como objetivo "licenciar-se em Engenharia Mecânica". Considera-se uma "mecânica de coração". Costuma dizer-se que "filha de peixe sabe nadar" e Marina herdou a veia de mecânico do pai. Sempre que tem oportunidade, arregaça as mangas e suja as mãos. Marina diz que gosta "de saber como tudo funciona, sempre tive um grande fascínio por motores e essa minha curiosidade foi despertada desde muito nova quando passava tardes com o meu pai na oficina a vê-lo trabalhar". A primeira vez que esteve em cima de uma moto foi aos 14 anos. O irmão colocou-a numa Yamaha WR 450. Revela que sentiu "um friozinho na barriga, uma sensação como que agridoce, a mistura perfeita entre adrenalina e medo. Mas a partir desse dia tudo mudou". A modelo percebeu que este "era o meu verdadeiro 'habitat natural', andar de mota tornou-se a sua grande paixão. Também adora animais e "tudo o que seja desportos radicais ou tudo aquilo que inclua a palavra 'adrenalina'. Para Marina, "andar de mota e partilhar a estrada com outros motociclistas já se tornou mais que uma paixão, é algo essencial na minha vida, algo que me faz sentir viva, relaxada e feliz". 

PATRÍCIA BASÍLIO - 40 anos
É de Matosinhos e é "formada em Design Industrial" pela Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos e pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Em 2002 foi para a ilha da Madeira, onde esteve seis anos a lecionar esta área de vocação. Para Patrícia, "o sonho norteia a vida, e esse sempre foi o meu lema". Considera-se otimista e acredita "que se pode pintar o horizonte de todas as cores". É "apaixonada pelo mar e natureza, adora animais" - não fosse por isto que ela tem como "fiel amigo" o Steve Macqueen, um Bulldog francês. Atualmente é professora de Artes Visuais do 3ºCiclo e Secundário na Escola Pública e no Ensino Privado. Ligada a outros negócios é "proprietária de uma lavandaria self service", a '7 Clean', no Porto (Rua Miguel Bombarda). Esta professora anda de mota desde os 14 anos. Dois anos mais tarde apaixonou-se por uma Yamaha Dt 50 azul e branca "que estava na montra do stand perto da minha casa. Todos os dias apreciava aquela 'babe', até que um belo dia o sonho tornou-se realidade", o pai fez-lhe uma surpresa e ofereceu-lha. Mais tarde, comprou a sua Kawasaki W650. Para Patrícia, andar de mota "é uma forma de libertação em que me sinto um pássaro em voo. Adoro partir sem destino e apreciar a via da vida como uma verdadeira Homo Viator". 

As três têm várias coisas em comum, mas há algo que se destaca: um estilo único e irreverente. Porém, questionadas sobre isto, as três afirmam que este estilo define e não define, ao mesmo tempo, este grupo. As BACKBONE BABES explicam que "estilo pessoal é uma coisa, a definição daquilo que somos enquanto grupo é outra". As três têm gostos e estilos diferentes, porém "o grupo é um todo e não se define pelo estilo de cada uma, ou só pelo estilo das três". Este grupo é "genuíno, a nossa imagem não é uma estratégia de marketing, não interpretamos personagens, apresentamo-nos como somos: mulheres que têm uma vida normal, que andam de moto e gostam de partilhar a estrada juntas". 

Apesar do facto de andar de mota já se ter tonado um hábito diário, muitas vezes também se vai ao chão. Ana conta que já caiu várias vezes. Costuma andar de moto em contexto urbano e "os sustos são muitos". A ativista lamenta o "desrespeito, desatenção e distração por parte dos automobilistas" e defende que "deveria haver uma maior sensibilização, prevenção e formação de todos os utilizadores das vias públicas". Ana relata que "das idas ao chão, ficam as marcas físicas e a dor, de ver a moto no chão, quase sempre com danos".
Marina apanha sustos "quase todos os dias que ando de moto, porque os condutores portugueses não têm o mínimo respeito nem cuidado com os motociclistas no geral". As faltas de atenção por parte dos automobilistas são muitas e "temos de estar atentos por nós e pelos outros". A modelo caiu de moto "uma única vez" e foi "uma sensação horrível. Ir ao chão é uma frustração". Para Marina, o que mais marca não são as dores físicas, mas sim são as psicológicas aliadas ao facto de ter a mota entregada, é uma "desilusão de ter que arranjar a moto".
A Patrícia recentemente não foi ao chão e confessa que "na minha adolescência era mais arrojada e aventureira. Hoje em dia sou mais ponderada, tenho uma condução mais defensiva". Aos 18 anos, esta professora deu uma queda e a sua primeira preocupação foi "a minha moto". Mesmo com uma dor no ombro, levantou a moto "e fui a conduzir até ao oficina" (risos). Fora isto só resultou a "clavícula partida e escanada e um mês sem andar de moto"...

Com o lema "STAY WILD, NEVER LET THEM TAKE YOU THAT" (Mantém-te fiel a ti mesma e nunca deixes que nada nem ninguém te tire isso), este grupo cria eventos como passeios de moto, que lhes dão "imenso trabalho na organização e na logística". "Os passeios que as BACKBONE BABES promovem são, única e exclusivamente, pelo prazer de partilhar e descobrir coisas novas com mais motociclistas. Nunca com um fim lucrativo. Fazemos os mesmos pela diversão, pelo convívio e pela experiência que nos proporciona, porque afinal de contas nós adoramos andar de moto".
O próximo passeio deste grupo vai realizar-se em julho "mas ainda não podemos divulgar qual o destino". As notícias serão dadas em breve nas páginas de facebook e instagram das BACKBONE BABES. 

Susana Pereira Oliveira

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