“Temos sempre de acreditar e lutar para que chegue a nossa vez”



A Feira da Vinha e do Vinho, em Anadia, fechou portas no dia 1 de julho. Nesta edição o concelho apostou, mais uma vez, em nomes nacionais e internacionais e, no segundo dia de festa, foi a vez de Calema subirem ao Palco Anadia Capital do Espumante. A dupla, composta por Fradique e António Mendes Ferreira, teve origem em São Tomé e Príncipe e ganhou força quando foi para França à procura de oportunidades. Os Calema estiveram à conversa com o Jornal da Bairrada, do qual sou colaboradora, e explicaram que nesta digressão, “A Nossa Vez”, trazem ao público músicas, sorrisos, emoções e culturas santomenses.  


Como é que surgiram os Calema?
António (A): Surgiram em São Tomé e Príncipe, em Angolares, quando eramos mais novos. Dizemos sempre que foi a música que nos escolheu, porque quando cantávamos era algo natural, nunca tínhamos pensado em ser músicos ou ganhar a vida com a música. É algo que foi surgindo e as pessoas ao nosso lado é que começaram a dizer para juntarmos as nossas vozes e fazer um trabalho sério. Foi a partir daí que começámos a fazer umas coisas em São Tomé e fomos evoluindo. Tudo isto aconteceu com muitas dificuldades e esforço, porque de onde viemos é complicado alguém ser músico e fazer a vida com música. As pessoas que acreditaram em nós incutiram-nos a importância de acreditar e foi isso que nos fez lutar e quebrar barreiras até aqui.  

Que significado tem o vosso nome?
Fradique (F): ‘Calema’ tem a ver connosco. É uma palavra que significa ondas e nós somos essas ondas que trazem sorrisos, cultura e música.

Deixaram São Tomé, vieram para Portugal estudar e depois foram para França. Quando foram já iam com o intuito de começar uma carreira musical?
A: Nós costumamos ir para o desconhecido independentemente de não sabermos para onde vamos. O nosso pai estava em França e decidimos arriscar sem saber o que íamos encontrar. Foi lá que participámos em vários programas e esses programas deram-nos visibilidade e permitiram-nos conhecer pessoas que nos abriram portas, como o nosso atual manager, Alexandre Cardoso. A partir daí fomos desenvolvendo projetos, como vídeos no youtube, e fomos acreditando com luta e garra. Acreditamos que isto agora é só o início e que temos uma longa caminhada.      

As vossas músicas mostram muito do que são emoções, culturas e sol santomense. Trazer o vosso estilo para Portugal foi difícil?
F: É sempre difícil, por isso é que começámos a mostrar o nosso trabalho em doses muito pequenas. Algumas das nossas músicas têm crioulo para as pessoas se familiarizarem. É muito importante para nós colocarmos no nosso trabalho a nossa cultura, porque é o que está na nossa base como músicos. Um dos nossos objetivos é, pouco a pouco, continuar a colocar essas ideias no nosso trabalho para que o público conheça mais da nossa história. 

Encontram-se a realizar a tour “A Nossa Vez”. O que andam a partilhar com esta digressão?
A: Um pouco de tudo. Nos concertos tentamos passar sempre o essencial, que é a energia, o amor e a conexão que temos com o público. Isso é o prevalece sempre e é o que nos faz levantar amanhã a querer fazer mais música, é isso que nos move. Na estrada, onde conhecemos o nosso público, acontecem coisas magníficas e nós pretendemos continuar a fazer isso, a apelar à união, à amizade, à família. Isso é importante para nós e nos nossos espetáculos as pessoas podem sentir isso. A tour “A Nossa Vez” dura até ao final do ano e termina com os concertos no Coliseu do Porto, a 11 de novembro, e no Campo Pequeno (Lisboa), a 7 de dezembro.

E vez de Anadia vos receber foi hoje...
A: E foi espetacular! As pessoas estavam a cantar as músicas, a participar connosco, foi extraordinário. Queremos cá voltar para o ano e reencontrar as mesmas pessoas e reviver aquilo que aconteceu hoje.
F: Sentimo-nos em casa. O público recebeu-nos muito bem. Portugal faz parte da nossa casa, os nossos avós maternos são de Viseu, e por isso temos uma ligação muito forte com o país. É um orgulho sermos reconhecidos através da música cantada em português e esperamos continuar este percurso com um público lusófono.

Defendem que “O segredo de um vencedor é acreditar na vitória e destruir barreiras com a fé”. Porquê?
A: Porque presenciamos isso. Ao longo da nossa caminhada essas palavras tornaram-se realidade. Fomos encontrando barreiras e o foi o acreditar, ter fé, vontade e força que nos ajudou a quebrá-las. Até hoje isso é a nossa base. Já aprendemos muita coisa, e continuamos a aprender, e agora não nos preocupamos tanto com essas barreiras, porque sabemos que temos sempre de acreditar e lutar para que chegue ‘a nossa vez’.

Susana Pereira Oliveira


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