Marcelo D2 trouxe calor brasileiro à 28ªEXPOFACIC



Mais conhecido por Marcelo D2, Marcelo Maldonado Peixoto, foi uma das apostas internacionais nesta edição da EXPOFACIC. O rapper brasileiro começou a apostar na música quando entrou para a banda Planet Hemp em 1995 e três anos depois iniciou uma carreira a solo. Defensor da legalização das drogas no seu país, Marcelo D2 tem como característica principal das suas músicas a mistura de vários estilos. Para o artista o nosso país não é estranho, não sendo a primeira vez que pisa um palco português. No “showzaço” em Cantanhede decidiu fazer uma parceira com a Orquestra Bamba Social, um coletivo de músicos portuenses apaixonados por música brasileira.


Na tua vida nem sempre viveste da música e foste, por exemplo, porteiro. Quando é que percebeste que querias viver da música? 
Eu escrevo desde muito novo, mas nunca me tinha passado pela cabeça fazer música. Num momento muito especial da minha vida encontrei um amigo, que já morreu, que viu as minhas letras e falou ‘vamos fazer uma banda’. Comecei então a fazer música já depois dos 20 anos, mas a música esteve sempre presente na minha casa, os meus pais tocavam e davam espetáculos ao vivo em casa.   

Entraste na banda Planet Hempem 1995 em 1998 começaste uma carreira a solo. Como foi esta transição?
OsPlanet Hemptinham e têm uma energia muito grande, foi a minha primeira banda e, em quatro anos, vendemos dois discos de platina e tínhamos tido muito sucesso. Mas nesse caminho descobri uma identidade musical minha que não cabia dentro da banda e então foi algo que aconteceu naturalmente até ter uma carreira a solo. Os Planet Hemp acabaram em 2002 e só em 2003 é que me consolidei como artista a solo. 

É fácil, nas tuas músicas, misturar rap brasileiro, hip hop e samba?
É! Eu costumo dizer que cresci a ver séries americanas e a comer feijoada brasileira, então a minha vida foi muito multicultural. Os meus pais ouviam samba, música de raiz da nossa família, e já os meus primos gostavam de rock’n’roll. Quando virei música vi a importância que o samba tinha na minha vida e quis perceber como é que podia chegar a pessoas de todo o mundo, foi algo natural. Então misturar tudo faz parte da minha geração. Nos anos 90 a grande onda era misturar ritmos e chegar a algo novo.   

Enquanto artista tens nome próprio, mas também “D2”. Porquê?
“D2” é uma gíria no Brasil que significa fumar maconha (droga cannabis). Eu ganhei esse apelido na escola, porque eu fumei muito a minha vida toda. Sou um ativista nessa luta pela legalização no mundo, principalmente no Brasil, e acho que o nome acabou por também me levar para esse caminho. 

Em 2015 lançaste uma música com o Dengaz (rapper português). Isto serviu para mostrar que “Tamojuntos” (nome da música)?  
Sim e cada vez mais serve para isso. Com a internet o mundo foi ficando cada vez menor. Falo com o Dengaz quase todos os dias e parece que estamos perto. Além dele tenho outros amigos em Portugal. Foi incrível ele ter ido para o Rio de Janeiro gravar música e ter-me chamado para participar. O Dengaz é um cara (expressão brasileira para “pessoa”) que tem um ‘papo’ legar (expressão brasileira para ‘boa voz’) e a música dele também me agrada muito. 

Não é a primeira vez que atuas em Portugal. Os concertos aqui são diferentes dos do Brasil?
É difícil comparar com os espetáculos do Rio, porque é a minha cidade. Mas depende tudo do momento, do dia e da conexão que tenho o público e para mim é sempre um desafio. Tocar em Lisboa e no Porto parece que é fácil, mas quando saímos desse circuito e vamos para outros sítios parece que o desafio é maior. Já toquei em 27 países e não quero parar. Portugal cada vez mais me recebe de braços abertos e eu amo este país. 

Vais subir ao palco principal da EXPOFACIC. Quais são as expectativas?
Nós preparámos um show muito legal, porque estamos a lançar um disco novo e temos também um espetáculo novo. Pensei no que podia fazer aqui e como gosto muito da Orquestra Bamba Social, percebei que era a oportunidade para mostrar uma parceria em cima do palco. Vamos apresentar um show um pouco mais de samba e menos rap. Espero que as pessoas gostem da música e que façamos um 'showzaço'. 

Susana Pereira Oliveira 

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