'Gaia/Chelas': Mundo Segundo & Sam The Kid


"Gaia/Chelas" é a rampa de lançamento do álbum colaborativo que tantos esperam de Mundo Segundo e Sam The Kid. E desengane-se quem acha que este tema é novo. Não é novo, como também não retrata apenas dois pontos do país - mas sobre isto falaremos mais à frente. A dupla decidiu reeditar o tema que já foi, muitas vezes, mostrado ao vivo em vários concertos.

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Gaia. Falamos de Mundo Segundo. Na verdade chama-se Edmundo, mas a mãe sempre o tratou por 'Mundo' e "como sou o segundo Edmundo da família, e o estúdio onde gravava em casa se chamava Segundo Piso, decidi conjugar esses dois contextos e resultou esse nome artístico". A música surgiu na vida dele "naturalmente". Admite que "há uns anos atrás nem pensava que isso viesse a ser possível", mas com muito trabalho e dedicação conseguiu conquistar terreno. Foi um dos embaixadores ativos do hip-hop enquanto estilo musical, o que "é uma responsabilidade". Confessa que é "uma responsabilidade acrescida, porque muitos jovens olham para os mais velhos como um exemplo a seguir e espero que as minhas músicas e a minha postura marquem gerações futuras de forma positiva".
Pouco tempo depois de dar os primeiros passos na música, em 2006 decidiu arriscar e lançou o álbum de estreia 'S.O.M - Sólida Oportunidade de Mudança'. Edmundo confessa que este passo "foi muito importante enquanto artista". O músico perceber que isto era o início de uma "revolução interior" e "um grito de libertação que há muito queria dar". 
Mundo Segundo sabe que o hip-hop nem sempre foi ouvido e apreciado como atualmente, mas defende que os preconceitos só se combatem com "trabalho, honestidade e determinação". "Apesar de ter levado uns bons anos até termos a aceitação desejada, sabíamos que o poder da palavra em português iria ter um papel preponderante para chegar ao interior das pessoas", explicou Mundo Segundo.
Questionado sobre o que vê de melhor neste estilo musical, Edmundo confessa que olha para o hip-hop como "a preparação de jovens adolescentes para a fase adulta. É, para muitos de nós, o pai e a mãe que não tivemos". 

Chelas. Falamos de Sam The Kid. Samuel Mira - nome original - sempre teve interesse na música. Desde miúdo. Revelou que aos "12 anos comecei a fazer rap. Já fazia rimas na escola e achei que era uma coisa que tinha a ver comigo". Foi algo que o "convidou". Factos ou subjetividade, é considerado um dos melhores rappers portugueses da sua geração. Isto podia ser uma responsabilidade, mas "responsabilidade é algo que não gosto de ter", confessou explicando que "também sou fã de mim próprio, quero superar-me e isso é que é uma responsabilidade, mas para comigo mesmo e não para com as outras pessoas". 
Começou a fazer música de forma mais séria em 1993 e com o passar dos anos atingiu metas: foi, por exemplo, disco de ouro com o álbum 'Pratica(mente)'. Mas não é "concretamente" isto que o faz continuar a apostar no rap e no hip-hop. Sam explicou que não são as vendas ou as visualizações que o motivam. "Mesmo que não vendesse nada iria continuar a fazer música", disse referindo que tem como objetivos "fazer álbuns cada vez melhores a nível artístico, tentar mostrar evolução". 
Assim como Mundo Segundo, Sam acredita que a a língua foi um fator decisivo para o hip-hop e o rap se afirmarem em Portugal. São estilos que "permitem contar histórias. Nem todo o rap tem de ser sério, de intervenção e para pensar", embora esse seja aquela que Sam mais gosta de fazer. 

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'Gaia/Chelas'. A ligação entre Mundo Segundo & Sam The Kid já existe há muitos anos. Pouco tempo depois de lançar os primeiros dois álbuns, Sam já atuava com Mundo. Sam desvendou que os dois têm "muitas coisas em comum", como o gosto musical. 
O tema que agora reeditam "é apenas uma música que fizemos em que estamos a divertir-nos e a mostrar de onde viemos", explicou Sam relembrando que a música já tinha sido apresentada em concertos. "É uma música simples e eficaz", terminou Sam. 
Mundo Segundo não deixou de referir que este "é um tema livre que representa a nossa origem. É um tema de rap puro, sem corantes nem conservantes que, no fundo, serve como porta estandarte das regiões onde nascemos e das quais sentimos grande orgulho em representar". 
O álbum colaborativo dos dois artistas chega em breve e Edmundo desvendou o véu e disse que se pode esperar "muito hip-hop  clássico, mas sempre com um toque refrescante de olhos postos no que se vai desenrolando à nossa volta". Beats cheios de adrenalina e sentimento, assim como "línguas afiadas, como sempre".
Este ano ainda está a ser programado pelos artistas, mas muito em breve as datas serão apresentadas. "Será um ano forte", finaliza Mundo Segundo.

Susana Pereira Oliveira

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