Entrevista: Filipe Keil


Filipe Keil. 

Cantor, compositor, letrista, produtor musical e arquiteto. Nasceu a 07 de fevereiro de 1991, tem 28 anos. 



"Tenho muito medo de parecer pouco humilde e não gosto muito de festejar"




O Filipe mostrou o interesse pela música e pela composição muito cedo. Aos 4 anos já tinha um piano e tocava músicas de ouvido. Começou a participar em festivais de música ainda em criança e em 2006 surgiu "Só quero um mundo melhor". Foi a primeira canção do artista. Estudou arquitetura. Mas a música nunca o largou. Participou em concursos, lançou singles e EP's, apresentou trabalhos musicais, fez digressões e estudou. Este ano participou no Festival da Canção da RTP. Fê-lo 13 anos depois de ter participado na edição infantil do mesmo programa. Daqui a dois dias, 04 de abril, é lançado o videoclipe do tema que o levou à corrida da Eurovisão. Hoje. É o nome do projeto mais recente de Filipe Keil.

Filipe Keil


Aos 4 anos já se sentavas ao piano. Foi aí que percebeste que querias fazer música?
Acho que foi algo imediato. A culpa foi dos meus pais, que puseram o piano lá em casa para a minha irmã. Ela queria aprender e acabei por aprender eu. Aos poucos fui tendo interesse por tocar as melodias por ouvido. Foi algo tão natural que nem tenho a ideia de ter decidido. Foi algo muito precoce. A partir daí estava sempre a compor e a escrever, desde miúdo. 

Aos 12 anos já participavas em festivais de música infantil. Sentias responsabilidade em participares? Querias ser o melhor?
Sim, eu com 12 anos comecei a participar nos primeiros festivais da cidade e já tinha esta ideia de mostrar a minha voz. Ainda não cantava originais, mas tinha a ideia de mostrar a minha voz e basicamente tive essa iniciativa. Já sentia um bocadinho aquela necessidade de estar em palco e ter um público. 

Com essa idade tinhas tantas outras coisas com que te preocupar. Os teus pais sempre te apoiaram nesta decisão de apostares na música?
Eles foram sempre muito tranquilos em relação ao que é que eu queria fazer, nunca me impuseram nada. Claramente que tinha noção das coisas e, com autonomia, ao longo do meu crescimento fui percebendo como é que funciona o mercado artístico em Portugal. Então aos 15 anos decidi que tinha também de seguir uma área além da música. Escolhi a arquitetura.

Porquê arquitetura?
Na minha ideia fazia todo o sentido ir para um área associada às Artes. Acabei por aprender desenho, multimédia e outras componentes também muito úteis para a música. E a arquitetura é boa para a música nesse sentido, porque nós estamos sempre em contacto com a imagem, com o desenvolvimento e com a estética. Decidi seguir essa área por ser muito abrangente. 

Atualmente és cantor, compositor, letrista, produtor musical e arquiteto. Como é que geres tudo?
Atualmente estou mais voltado para a música, mas já houve fases em que me senti mais virado para a arquitetura, por exemplo quando estava a acabar o curso há dois anos. Tento conciliar as duas coisas.

Em 2014 lançaste o teu primeiro trabalho a solo. Entre concertos, concursos, singles e lançamentos de EP's já passaram 5 anos. Que análise fazes do teu percurso?
Acima de tudo foi o descobrir do que é que eu queria ser e o que queria dizer. Acho que ao longo deste processo todo foi possível perceber qual o tipo de música que gostava de fazer e o que queria fazer. Essa experimentação permite-me hoje ter uma ideia mais sólida daquilo que quero fazer.

Porquê 'Keil' e não outro nome?
'Keil' está relacionado com a altura em que conheci a Maria Keil, quando estava a estudar em Sines. Ela faleceu quando estava à procurar de um nome e foi interessante usar o apelido desta senhora que foi uma referência na arte. Percebi que 'Filipe' e 'Keil' juntos suava bem. 

Filipe Keil // Créditos: RTP

Este ano participaste no Festival da Canção da RTP. Passaram 13 anos desde que participaste no mesmo programa, mas na versão infantil. Porque decidiste participar?
Por causa da música. Senti que tinha a música certa para este festival. Eu participei por livre submissão. Já tinha a música praticamente feita quando a enviei para a RTP. E foi mesmo por causa disso. Senti que a música tinha aquilo que queria dizer na altura. De uma forma mais eletrónica demonstrava aquilo que eu sou. Senti que estava na altura.

Sentiste que era o teu momento, o teu 'Hoje' (nome do tema)?
Sim e senti também que o festival estava numa boa fase, com uma nova onda. 

Ganhaste a única vaga existente para uma livre submissão. Foi importante conquistares o lugar? 
Foi importante, mas eu não tenho muito aquele à vontade de dizer “eu merecia”. Tenho muito medo de parecer pouco humilde e não gosto muito de festejar. Mas basicamente eu mandei a música, e se não fosse a escolhida ia lança-la na mesma com a minha agência, e fui chamado pelo Diretor Criativo do festival, o Nuno Galopim. Ente 230 pessoas fui o escolhido, fiquei muito contente. 

Como reagiste ao facto de não teres passado na primeira semi-final?
Primeiro pensei que tinha fome (risos). Eu não vivi muito a ideia da competição, porque sabia que tinha boa concorrência à altura. Então fui mesmo por esta ideia do festival em si e por estar entre tantos novos artistas. Confesso que pensei: não quero que tenham pena de mim, porque faz parte. O mais importante foi participar.   

O que podemos esperar no Filipe Keil no futuro?
Vão haver coisas novas na música. Vamos lançar em breve o videoclipe do tema 'Hoje'. E também teremos um concerto especial. Agora vamos continuar a trabalhar.


Susana Pereira Oliveira

Comentários

Mensagens populares