Entrevista: Isaura


Isaura. 

Cantora, letrista, compositora e produtora. Nasceu a 15 de julho de 1989, tem 29 anos. 



"A ideia que tenho de mim e das minhas canções em português vive de mãos dadas com as recordações das canções que nascem à guitarra"


Isaura 
Chama-se Isaura Santos. Mas é mais conhecida por Isaura. O público teve o gosto de a conhecer em 2010 quando participou na quarta edição da Operação Triunfo. O primeiro EP surgiu em 2015, 'Serendipity'. Conhecida também pela participação na música 'Meu é Teu' de Diogo Piçarra, Isaura compôs e produziu o tema vencedor do Festival da Canção 2018, 'O Jardim'. Interpretou o tema com Cláudia Pascoal. Em 2018 editou o seu álbum de estreia. Com a Universal Music Portugal surgiu 'Human'. Na edição deste ano do Festival da Canção, subiu ao palco para apresentar o seu primeiro single em português. 'Liga-Desliga'.




Olhando para trás, já passaram 9 anos de carreira. Que análise podes fazer de todo o teu percurso?
Não acho verdade que tenha tido 9 anos de “carreira”. A minha passagem pela Operação Triunfo foi uma experiência importantíssima que ditou muito na minha perceção daquilo que um dia gostaria de fazer na música e sobre que tipo de artista queria ser. No entanto não foi o começo de nada, muito pelo contrário. Depois daquela experiência parei de fazer música para pensar um pouco sobre que música queria fazer, terminei a minha licenciatura e avancei para um mestrado. Alguns anos mais tarde, depois de ter conhecido algumas pessoas fulcrais naquele que hoje é o meu percurso, e com muito mais maturidade, comecei então esta carreira ainda algo jovem, em dezembro de 2014 ao lançar o meu primeiro single “Useless”. Desde esse dia até hoje, acima de tudo, agradeço a oportunidade que fui tendo para fazer música, rodeada de excelentes músicos e produtores que me permitiram crescer e ser hoje um pouco mais autónoma. Foi um percurso difícil por fazer música entre dois universos difíceis de definir em Portugal, o Pop-Alternativo, mas muito rico também.

Em 2017 escreveste, compuseste e produziste “O Jardim”. É fácil fazer as três coisas? Não é um processo complexo?
Essa foi a primeira vez que executei as três etapas em simultâneo numa canção. Não o faço porque acho que a criatividade funciona muito melhor em conjunto. Talvez pela especificidade da canção e por ser tão pessoal, e porque me consegui distanciar um pouco do tema ao convidar outra voz, acabou por ser natural assumir esses processos. 

“O Jardim” foi o tema vencedor do Festival da Canção de 2018. Atingir esta meta foi um marco importante na tua carreira?
Claro que sim, nunca me vou esquecer. O Festival da Canção faz parte da história da música em Portugal. É para mim um orgulho ver uma canção minha nessa lista interminável de canções que nos são tão familiares.

No ano passado editaste o teu álbum de estreia, 'Human', com a Universal Music Portugal. O que nos traz este projeto?
O 'Human' foi o meu primeiro disco e foi um projeto difícil, porque é o culminar de mais de dois anos de trabalho e, acima de tudo, porque dá vida a um turbilhão de sentimentos e de acontecimentos que fui vivendo. Está tudo ali escrito, está impresso nas canções. Para mim fazer música é ser transparente, ser genuína, falar do que tem valor. O 'Human' tem isso tudo. Do ponto de vista de sonoridade acho que é uma viagem por várias influências que caracterizam a minha música: do pop, ao electrónico, ao synthpop, ao hip-hop.

Recentemente lançaste o teu primeiro single em português, 'Liga-Desliga'. Foi difícil compor em português?
Não foi difícil compor ou escrever em português porque eu nunca deixei de o fazer independentemente de escolher não editar essas canções. Acho que o desafio estava muito mais na produção. A ideia que tenho de mim e das minhas canções em português vive de mãos dadas com as recordações das canções que nascem à guitarra. E eu queria ter a certeza que, ao fazer canções em português, a produção seria fiel à minha estética e, se a produção fosse à guitarra, seria por ser a melhor opção e não por ser a única estética que conseguiria ouvir ali. Tive de me sentir preparada primeiro.

Qual é a mensagem deste single?
Acho que este single vem um pouco no seguimento de todas as minhas experiências no ano passado. A exposição no Festival da Canção e Eurovisão trouxeram-me o reboliço das redes sociais e dei por mim, várias vezes, a pensar sobre estes fenómenos. Sobre a agressividade das redes sociais e, do ponto de vista mais pessoal, de que forma pomos as nossas relações cara-a-cara em standby porque privilegiamos o online. Acho que ambas as realidades, online e offline, são importantes mas talvez não sejamos sempre equilibrados.

No videoclip há dois lados. Acredito que seja um 'Liga' e um 'Desliga'. São duas histórias ou o que pretendes transmitir?
Precisamente a necessidade de sermos equilibrados no tempo que passamos ligados e desligados e, acima de tudo, no equilíbrio do que somos na internet. Acredito que a maioria das pessoas sabe conversar e ouvir e respeitar, mas quando estamos nas redes sociais, por exemplo, somos muito menos pacientes. 

O que podemos esperar de ti, enquanto artista Isaura, num futuro próximo?
Vão continuar a poder escutar mais canções em português. Tenho experimentado várias coisas e feito várias canções. Podem também esperar um dueto com a Luísa Sobral. Fizemos uma canção juntas e a Luísa deu-me a honra de a cantar comigo também.

E próximos concertos?
Vou estar no dia 20 de abril em Santo Estevão.

Susana Pereira Oliveira

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