Entrevista: Paulo de Carvalho


Paulo de Carvalho.

Músico, cantor e compositor português. Nasceu a 15 de maio de 1947, tem 71 anos. 


"Quero cantar, poder mostrar o que faço e fazer espectáculos como o que fiz aqui"



Paulo de Carvalho

Considerado um nome incontornável na música portuguesa das últimas décadas, Paulo de Carvalho subiu ao palco da Feira de Março 2019 no passado dia 29 de março. O músico, que celebra 57 anos de carreira, foi uma das apostas do distrito de Aveiro para esta edição do certame, que já soma 585 anos de história. O autor e intérprete de temas como “E Depois de Adeus”, “Um Beijo à Lua” e “Lisboa Menina e Moça” esteve à conversa comigo minutos depois de ter atuado. Uma entrevista exclusiva que fiz para o Jornal da Bairrada e que partilho agora com vocês.


Créditos: Nuno Coelho


É atualmente cantor, intérprete, compositor. Quando surgiu a música na sua vida?
A música faz parte de todos nós, todos os dias. Só que há uns que tomam mais atenção e outros não ligam tanto. A música surgiu na minha vida muito cedo. Sou um produto da nossa rádio. Ouvi muita rádio e aos meus 11/12 anos começou a despertar o interesse, sobretudo a ouvir rádio Renascença, que era a que se ouvia mais. 

Já participou em vários festivais de música e venceu duas vezes o Festival da Canção da RTP. Participou com o intuito de mostrar a sua música a Portugal?
Eu sou muito um produto do Festival da Canção. Comecei em 1970 e só parei em 1978. Venci uma vez com “E Depois do Adeus”, em 1974, e voltei a vencer em 1977 com um grupo que se chamava “Os Amigos”. Eu não queria mostrar nem deixar de mostrar a minha música. Queria fundamentalmente cantar, que era o que gostava de fazer e, sobretudo, participar no festival. O Festival da Canção da RTP era, provavelmente, o único espetáculo, com aquela audiência que a televisão proporciona, que fazia com que nós pudéssemos ser conhecidos. Eu não tinha nada para mostrar a não ser as cantigas que me pediam para mostrar. Basicamente foi isso que eu fiz. O festival teve a sua história e continua a ter, ainda que diferente. Do festival daquele tempo nascemos muitos de nós e espero que o festival que é feito agora sirva para isso mesmo, para trazer novos valores.

É considerado uma das melhores vozes de Portugal, com temas incontornáveis como “E Depois do Adeus”. É uma responsabilidade?
Não é, porque não me considero isso. Sei que sempre houve e continua a haver muita gente a cantar muito bem em Portugal. Agora há gente mais nova que canta maravilhosamente bem. Mas não me preocupa nada, não ligo a essa questão da voz. Eu gostava de ser mais conhecido até como compositor que também sou. Mas não me atormenta, não me preocupa. Canto melhor que uns, pior que outros. Quero é cantar, poder mostrar o que faço e fazer espetáculos como o que fiz aqui. 

Este espetáculo superou as expetativas?
Penso que foi um espetáculo do agrado de todas as pessoas que cá estavam. Correspondeu muito às expetativas. As pessoas foram muito participativas, manifestaram-se e ouviram. É o que nós músicos gostamos que aconteça. 

Celebra 57 anos de carreira e está em digressão com a tour “Informal”. Depois de terminar, o que podemos esperar?
Eu vivo num dilema. É evidente que ao fim destes anos todos a cantar algumas das mesmas cantigas, há uma certa saturação. Eu tento cantá-las de forma diferente e isso foi visto aqui. Mas, por outro lado, eu devo essas cantigas ao público, porque foram eles que me levaram até onde cheguei. É evidente que também há mérito disso, também sei que tenho algum valor. Mas foi o público que, gostando do que canto, fez com que chegasse aqui. Não vou ficar parado aqui. Hoje estreei duas músicas novas e a receção do público foi muito boa. Eu não vou ficar a viver do passado. Como costumo dizer, o que tenho são saudades do futuro. O passado já foi, foi bom, bonitos e faz parte de mim. Mas não é onde quero ficar. 

Susana Pereira Oliveira

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