Entrevista: Toy



'Coração Não Tem Idade' "foi a rolha de um vinho que já estava feito e engarrafado, só faltava o rótulo da garrafa"


É um cantor popular português. António Manuel Neves ferrão começou a pisar palcos com apenas cinco anos. Passados mais de 30 anos, Toy é um sucesso. Autor de temas bem conhecidos pelo público como “És Tão Sensual”, “Estupidamente Apaixonado” e “Coração Não Tem Idade”, o artista subiu ao palco da Feira de Março 2019 no passado dia 22 de abril. Antes de fechar, em grande e sem medo chuva que se fez notar, o certame desta edição, Toy esteve à conversa comigo para o Jornal da Bairrada.



O Toy aos cinco anos já participava em festas musicais. Encarava as participações como uma brincadeira ou percebeu logo que queria trabalhar música ao longo da sua vida?
No meu tempo, nos anos 60, com cinco anos de idade ia ao palco porque tinha um gosto incrível pela música, tinha afinação, tinha voz e o meu pai tocava em conjuntos. O meu pai nunca pensou que a música fosse uma forma de subsistência, daí eu ter tirado o curso de contabilidade. Profissionalmente sou contabilista, mas nunca exerci. Fiz música, entrei no teatro, fiz coisas variadíssimas e sempre achei que a minha felicidade profissional estaria na música. Portanto dediquei todo o meu tempo livre à música, até ao dia em que, aos 25 anos, optei por fazer da música a minha profissão e deixei de fazer qualquer outro tipo de atividade. A partir daí tem sido um crescendo. Devagar, com calma, segurança e tentando aprender percebendo que somos humanos e que temos erros. É limando esses erros que chegamos não à perfeição, mas a uma melhor performance. 

Créditos: Diogo Pereira // Malpevent

Atualmente canta e produz só em português.
Sempre em português. Curiosamente o facto de ter passado na minha juventude por vários conjuntos de baile, que hoje em dia é uma coisa que já não se vê muito, permitiu-me tocar bateria, baixo, ser vocalista, percussionista e também pude cantar em algumas línguas. Gravei uma vez, por brincadeira, quando fiz o Coliseu dos Recreios em 2007, o historial da minha vida. Por esse historial passaram algumas canções que não eram minhas, desde o espanhol ao alemão. Então resolvi mostrar às pessoas que na minha vida, além das canções escritas por mim, também cantei outras canções de outros autores. A editora achou tanta piada que fiz três discos “Recordações”. 
  
Créditos: Diogo Pereira // Malpevent

Além desses discos também todos os outros como o “É Só Sexo” foram lançamentos de grande sucesso. 
É verdade! Curiosamente esse álbum está perfeitamente atual sendo de 2002. Há muita gente a pedir-me para cantar esses temas. Na altura era um disco um bocadinho ousado, mas atualmente é bastante atual. Depois há uma fase importantíssima na minha vida, que é quando faço o programa “A Tua Cara Não Me é Estranha” e quando faço algumas personagens com variadíssimas diferenças. Acho que a partir daí não perdi o público que já tinha, por outro lado ganhei outro setor de público. Neste momento tenho um público que vai dos dois aos 92 anos.  
O tema “Coração Não Tem Idade” ajudou nessa conquista de público. Criado em 2016, porque é que só surgiu em 2018?
Depois de o produzir em 2016, quando o comecei a cantar achei logo que ia ser um sucesso. O refrão é muito forte, tem uma letra adequada a muita gente e tem uma entidade muito forte. O coração não tem mesmo idade. Toda a gente tem o direito de se apaixonar todos os dias e as idades não têm importância. Há casais com idades diferentes, mas no coração e no cérebro essas idades são muito parecidas. Esta canção foi a rolha de um vinho que já estava feito e engarrafado, só faltava o rótulo da garrafa. 

Créditos: Diogo Pereira // Malpevent

E hoje (22 de abril) na Feira de Março o Toy vai beijar, dançar e curtir até se cansar?
Vamos ver! A chuva não incomoda e as perspetivas são sempre boas. Sou uma pessoa muito otimista. 
Susana Pereira Oliveira

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